(esquerda) Alto-Tâmega. Fortificações
e Castelos cabeça-de-Terra (Sécs. XI-XII).
(direita) Alto-Tâmega. Vilas urbanas
fortificadas (Sécs. XIII-XIV). Vila de fundação régia (quadrado
negro). Vilas novas cuja fundação não teve sucesso (quadrados cinzentos).
O terceiro e último “momento” que elegemos nesta abordagem é o que corresponde à afirmação e consolidação do espaço da monarquia portuguesa cuja estruturação pleno medieval expressa já um outro modelo de organização do território, com amplos reflexos na distribuição e enquadramento das populações, nas formas do habitat e também nas características e função desempenhada pelos castelos e fortificações da região.
Após a fase de afirmação dos poderes senhoriais das
principais linhagens, fortemente ligada ao controlo e posse de castelos,
assistiu-se, entre a segunda metade do século XIII e os primeiros anos do
século seguinte, a um vasto processo de reorganização territorial que deu
origem à promoção de uma nova forma de habitat concentrado e fortificado, a
vila, investida por iniciativa régia de funções de capitalidade sobre um
território mais ou menos vasto, o respectivo termo.
No novo modelo de organização do território
cada vila recebeu geralmente como termo uma área que podia ser coincidente com a antiga Terra,
resultar da integração de várias destas antigas circunscrições ou do seu
desmembramento. Promovido e incentivado pelos monarcas, este modelo de ordenamento
do espaço, que não é exclusivo e convive com outros, de natureza senhorial, com
os quais se geram frequentes conflitos, adapta-se melhor a uma organização
socio-política e económica em que as actividades artesanais e o desenvolvimento
do comércio ganham um peso crescente.
Ele reflecte também uma conjugação mútua de interesses
em que o poder régio se afirma perante as comunidades de homens livres, subtraindo-os
da órbita de outros poderes senhoriais, tendo como contrapartida o
reconhecimento e garantia, por parte do monarca, dos direitos e organização
tradicional destas comunidades.
Não foi um processo simples nem linear e teve muitas
cambiantes no tempo e no espaço. Na área duriense, os resultados foram
desiguais devido a diversos factores, entre os quais o diferente peso
e poder das comunidades concelhias pré-existentes, a menor ou mais
intensa senhorialização laica ou eclesiástica que serviu frequentemente como
obstáculo à constituição e afirmação de comunidades fortes e organizadas, ou
ainda o próprio índice de ocupação do espaço, traduzido numa maior concentração
ou dispersão do habitat.
Na região do Alto-Tâmega, onde se consolida a constituição
da fronteira norte do Reino, afirmam-se dois centros importantes que irão
polarizar a organização dos territórios baixomedievais: as vilas fortificadas
de Chaves e de Monforte de Rio Livre. Esta encontrava-se já perfeitamente
estabelecida em 1273. A primeira conheceu vicissitudes que em
parte desconhecemos, principalmente na fase inicial do processo, anterior
a 1258. Alude-se a uma tentativa efémera de constituição de uma Póvoa de
Santo Estêvão de Chaves cujos vestígios julgamos ter identificado numa
área situada entre o Castelo de Santo Estêvão de Chaves e a actual cidade
(TEIXEIRA, 1996; 2002).
Em 1258 a vila de Chaves aparece já em
coincidência topográfica com a antiga Aquae
Flaviae, mas o seu termo era ainda
extremamente reduzido, confinando-se a uma pequena faixa situada na margem
direita do Tâmega, aproximadamente equivalente às actuais freguesias de Outeiro
Seco, Curalha e Redondelo.
É provável que a ampliação do termo se tenha
verificado ainda no reinado de D. Afonso III, integrando-se nele o território
de Montenegro – que ainda aparece com autonomia em 1258.
Porém só no reinado seguinte, em 1304, ficará o
território de Montenegro definitivamente integrado no termo de Chaves, após um
período de conflitos e negociações que acabou por inviabilizar o sucesso de uma
vila urbana que chegou a estar criada naquele espaço – Vila Boa de Montenegro.
A partir de então Chaves irá afirmar-se cada vez mais como fortificação
avançada – e mais tarde como praça-forte – situada na primeira linha de uma
fronteira que a monarquia portuguesa pretendia consolidar.
NB --> ler anteriormente a
partir página 48 -> começando no parágrafo " Relativamente a
Chaves
o panorama não é muito diferente." ...
Por: Zeca Soares
6 comentários:
Muito bem, "aperta-se o cerco" à volta da Pedome e desvendam-se os meandros das nossas origens.
Curioso o facto de a expressão "Termo" se manter muito usada em Pedome, significando uma área vasta, normalmente, fora das localidades.
Parabéns Zeca, belo trabalho e grande dedicação.
Quero agradecer todos os ensinamentos aqui colhidos.
Abraço,
mário
Grato a ambos pela anteção , partilho com prazer estas pesquisas, tudo que fassa parte de nós ficará aqui na nossa enciclopédia... já quase há matéria para escrever um livro !!!
Vou propor o último texto de Rio Livre, depois do Conçelho, da Vila, enfim o Castelo de Monforte, um documento com "anecdotes" engraçdas, especialemente uma certa historia de figos, não vos digo maís nada... a seguir no quarto episódio das origens de Pedome .
Boa leitura MRP !
oups peço desculpa !
correção ler "Grato a ambos pela atenção"
obrigado
oups peço desculpa !
correção ler "Grato a ambos pela atenção"
obrigado
É para mim uma honra acessar ao seu blog e poder ver e ler o que está a escrever reparei que se tem esforçado por nos dar o melhor,
é um blog que nos convida a ficar mais um pouco e que dá gosto vir aqui mais vezes.
Posso afirmar que gostei do que vi e li,decerto não deixarei de visitá-lo mais vezes.
Sou António Batalha.
Que lhe deseja muitas felicidade e saúde em toda a sua casa.
PS.Se desejar visite O Peregrino E Servo, e se ainda não segue pode fazê-lo
agora, mas só se gostar, eu vou retribuir seguindo também o seu.
Que a Paz de Jesus esteja no seu coração e no seu lar.
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