Fica aqui um excerto de um livro sobre a emigração de gentes de Pedome. Tudo fantasia na verdade, embora alguns dos nomes sejam dos heróis locais. Aos interessados numa cópia, é só pedirem.
Maio chegou como sempre. Dias longos de fome extrema.
Os aprovisionamentos da colheita passada tinham sido todos devorados pelo Inverno prolongado. Os novos ainda estavam muito longe. O centeio ainda não estava na altura de cegada. Nem sequer aqueles molhos que desafiando as leis da natureza se cegavam antes do tempo, de modo a enfrentar a extrema ausência de alimentos.
O dia-a-dia era feito de desenrasques. Um caldo em casa do Tio Ferrador, um copo no Melo. Grande homem, era a adega do povo.
A venda aos domingos dos tremoços curados no ribeiro sempre davam para mais um copito quando o Melo já não podia ceder mais.
- Isto não é vida, afirmava Videira no largo da capela.
- Então que queres? Retorquiu-lhe o Melro habituado a dias iguais de geração em geração.
Na fome eram todos iguais, mas não na eterna capacidade de desenrascanço. Aí Videira batia-os a todos.
- Verás. Este ano não sei se chego à festa de Tronco.
E mais não disse. Não era só para manter o enigma. À escuta estava sempre um Bufo. E para mais, o terceiro domingo de Agosto, altura da festa do Sr. Dos Passos, a melhor das aldeias à volta, aproximava-se já e tão pouco o Videira tinha a certeza de que os seus planos se concretizariam.
Os aprovisionamentos da colheita passada tinham sido todos devorados pelo Inverno prolongado. Os novos ainda estavam muito longe. O centeio ainda não estava na altura de cegada. Nem sequer aqueles molhos que desafiando as leis da natureza se cegavam antes do tempo, de modo a enfrentar a extrema ausência de alimentos.
O dia-a-dia era feito de desenrasques. Um caldo em casa do Tio Ferrador, um copo no Melo. Grande homem, era a adega do povo.
A venda aos domingos dos tremoços curados no ribeiro sempre davam para mais um copito quando o Melo já não podia ceder mais.
- Isto não é vida, afirmava Videira no largo da capela.
- Então que queres? Retorquiu-lhe o Melro habituado a dias iguais de geração em geração.
Na fome eram todos iguais, mas não na eterna capacidade de desenrascanço. Aí Videira batia-os a todos.
- Verás. Este ano não sei se chego à festa de Tronco.
E mais não disse. Não era só para manter o enigma. À escuta estava sempre um Bufo. E para mais, o terceiro domingo de Agosto, altura da festa do Sr. Dos Passos, a melhor das aldeias à volta, aproximava-se já e tão pouco o Videira tinha a certeza de que os seus planos se concretizariam.
3 comentários:
Parabéns ao escritor! Gostei muito de ler o livro.
se ele oferece vale a pena aceitar porque é fantástico.parabéns ao escritor.
Bonitos parágrafos, acredito que haja mais para ler, publica mais, os meus mais sinceros parabéns,
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