quinta-feira, 30 de abril de 2009

Lembro-me da Balina.
Daquela menina com quem brincava quando em Pedome não havia crianças para brincar. Lembro-me essencialmente da sua paciência e da sua bondade. Dá-nos notícias, todos temos saudades tuas.
Como lembrança fica aqui a casa da irmã, da Ana Joaquina. A eterna resistente, a que nunca nega uma mão para os ausentes e que mantém, talvez a única, a forma de viver de Pedome. Vistas bem as coisas, todos os que partiram, quem pode dizer que vive melhor que ela?

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Como o Álvaro faz sempre questão de nos avivar a memória, deixo-vos mais um desafio que para mim se torna completamente intransponível. Quem são as fotografadas e em que ano terá sido o evento?
Bom fim-de-semana para todos.

terça-feira, 21 de abril de 2009



Fica aqui um excerto de um livro sobre a emigração de gentes de Pedome. Tudo fantasia na verdade, embora alguns dos nomes sejam dos heróis locais. Aos interessados numa cópia, é só pedirem.


Maio chegou como sempre. Dias longos de fome extrema.
Os aprovisionamentos da colheita passada tinham sido todos devorados pelo Inverno prolongado. Os novos ainda estavam muito longe. O centeio ainda não estava na altura de cegada. Nem sequer aqueles molhos que desafiando as leis da natureza se cegavam antes do tempo, de modo a enfrentar a extrema ausência de alimentos.
O dia-a-dia era feito de desenrasques. Um caldo em casa do Tio Ferrador, um copo no Melo. Grande homem, era a adega do povo.
A venda aos domingos dos tremoços curados no ribeiro sempre davam para mais um copito quando o Melo já não podia ceder mais.
- Isto não é vida, afirmava Videira no largo da capela.
- Então que queres? Retorquiu-lhe o Melro habituado a dias iguais de geração em geração.
Na fome eram todos iguais, mas não na eterna capacidade de desenrascanço. Aí Videira batia-os a todos.
- Verás. Este ano não sei se chego à festa de Tronco.
E mais não disse. Não era só para manter o enigma. À escuta estava sempre um Bufo. E para mais, o terceiro domingo de Agosto, altura da festa do Sr. Dos Passos, a melhor das aldeias à volta, aproximava-se já e tão pouco o Videira tinha a certeza
de que os seus planos se concretizariam.

segunda-feira, 20 de abril de 2009


De todos os comentários ou posts deste blog, este é sem dúvida o de maior qualidade literária. Assim, é de elementar justiça que figure na página principal. Ao autor de nome "Lágrimas", o meu agradecimento. O texto em si, incorpora todo o espírito que levou à criação deste blog. Mais palavras para quê? Leiam e deliciem-se, que pequenas terras também dão à luz grandes criadores.
"Velho castanheiro da cruz, mirone priveligiado de tudo e todos, carcomido pelo tempo. Viste nascer Pedome, estás a vê-la definhar e hás-de vê-la perecer. A todos viste nascer e...partir. Tu, do alto da tua imponência a tudo vais resistindo, neves, incêndios ventos, maleitas, temporais de sol e chuva. E resistes. Sofres, sinto-o, impotente. No teu descomunal tronco guardas sibilamente histórias que não revelas e aguardas por muitas outras que sabes, morrerão contigo. Vais abanando e sofrendo quando vez partir alguém que sabes não mais ser substituido e o teu reino, outrora orgulhosamente numeroso, vai definhando, perdendo-se, acabando. Tu resistes, não por vontade, há muito que queres partir, também, mas não podes, fiel guardião. Foi em ti que o tio Abilio depositou as suas valiosas descobertas que tu guardas juntamente com as outras que por muitos anos observas-te: discussões, abraços, lágrimas, infidelidades, alegrias e sorrisos. Fiel dipositário do sonho de um povo e reles coscuvilheiro de actos menos nobres. Mas sempre silencioso e clemente, compreensivo bastante para saberes que também disso se fazem as memórias de uma aldeia. Quando partires saberei que fos-te o último."

terça-feira, 14 de abril de 2009


Era obrigatório. Não há Páscoa em Pedome sem folares. Cumpriu-se mais uma vez a tradição. Estavam deliciosos, como os de outrora. É o saber a passar de gerações.

domingo, 12 de abril de 2009


Dali se tem a melhor vista de Pedome. Para lá chegar, desce-se ao fundo da quinta, segue-se pela praina, atravessa-se o ribeiro e depois sempre a subir.
Ali se passavam longas sestas de Verão e tormentos vários para trazer o feno ou as uvas. Por ali também se criavam amigos ou inimigos consoante os momentos, de Tronco, de Nozelos. Por ali também passou uma boa parte da nossa infância, dos nossos pais e dos nossos avós. Dizia-se ser a terra mais fértil e de colheitas do cêdo de Pedome.
E porque este blog não é só Lamadeiras, aqui fica o registo das Antas. Não das dos fetebóis, mas sim das genuínas, as que nos viram crescer.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Que este fim de semana todos os caminhos levem a Pedome. Se assim for, por lá nos veremos. Se assim não for, que Pedome esteja convosco.
Uma boa Páscoa.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

A curva é a do Caço, no entanto esta foto em contra-luz, torna o motociclista de reconhecimento difícil. Deixo algumas pistas:
Fazia da motorizada o seu principal meio de locomoção, conhecia toda a gente das redondezas pelo apelido e achava o seu vinho o melhor da freguesia. O convite para a adega era garantido e após a prova chegava a confiramção. O vinho era mesmo de estalo.
Fez muita falta, deixou saudades, mas mais importante que tudo isso, fez muita gente feliz, quer pela sua maneira de ser, quer pelas novas que trazia.
A ele o tributo de/e reconhecimento.